que tinha as armas do rei, e rolava a direito por uma estrada lisa, ao trote forte e pesado de quatro cavallos gordos. O snr. Mathias, de chinelas nos pés e tomando a sua pitada, dizia-me, aqui e além, o nome d’uma povoação aninhada em torno d’uma velha igreja, na frescura d’um valle. Ao entardecer, por vezes, n’uma encosta, as janellas d’uma calma vivenda faiscavam com um fulgor d’ouro novo. O coche passava; a casa ficava adormecendo entre as arvores; através dos vidros embaciados eu via luzir a estrella de Venus. Alta noite tocava uma corneta; e entravamos, atroando as calçadas, n’uma villa adormecida. Defronte do portão da estalagem moviam-se silenciosamente lanternas mortiças. Em cima, n’uma sala aconchegada, com a mesa cheia de talheres, fumegavam as terrinas; os passageiros, arripiados, bocejavam, tirando as luvas grossas de lã; e eu comia o meu caldo de gallinha, estremunhado e sem vontade, ao lado do snr. Mathias, que conhecia sempre algum moço, perguntava pelo doutor delegado, ou queria saber como iam as obras da camara.
Emfim, n’um domingo de manhã, estando a choviscar, chegámos a um casarão, n’um largo cheio de lama. O snr. Mathias