no pateo, preso a uma argola, estava o burro, albardado de panos pretos, que trouxera o amavel physico Eliezer de Silo.

Na sala azul, de tecto de cedro, perfumada de malobrathro, o austero Doutor já nos aguardava estendido no divan de correias brancas, com os pés nús, as largas mangas arregaçadas e pregadas no hombro — e ao lado um bordão de viagem, uma cabaça d’agua e uma trouxa, emblemas rituaes da sahida do Egypto. Defronte d’elle, n’uma mesa incrustada de madreperola, entre vasos de barro com flôres pintadas, açafates de filigrana de prata transbordando de fruta e pedaços scintillantes de gelo, erguia-se um candelabro em fórma de arbusto, tendo na ponta de cada galho uma pallida chamma azul: e, com os olhos perdidos no seu brilho tremulo, as mãos cruzadas no ventre, Eliezer, o benigno «Doutor da Tripa», sorria beatificamente encostado a almofadas de couro vermelho. Junto d’elle dois escabellos, recobertos com tapetes da Assyria, esperavam por mim e pelo sagaz Historiador.

— Sêde bem vindos, rosnou Gamaliel. Grandes são as maravilhas de Sião, deveis vir esfomeados...

Bateu de leve as palmas. Os escravos,