— No centro da Terra!... murmurou o Historiador, com douto espanto.

Sim! E, ensopando um pedaço de bôlo no môlho d’açafrão, o profundo Physico explicou a Terra. Ella é chata e mais redonda que um disco; no meio está Jerusalem a santa, como um coração cheio do amor do Altissimo; em redor a Judêa, rica em balsamos e palmeiras, cerca-a de sombra e de aromas; para além ficam os pagãos, em regiões duras onde nem o mel nem o leite abundam; depois são os mares tenebrosos... E por cima o céo, sonoro e solido.

— Solido!... balbuciou o meu sapiente amigo, esgazeado.

Os escravos serviam em taças de prata cerveja amarella da Media. Com solicitude Gamaliel aconselhou-me que, para lhe avivar o sabôr, trincasse uma cigarra frita. E Rabbi Eliezer, sabio entre todos nas coisas da Natureza, revelava a Topsius a divina construcção do céo.

Elle é feito de sete duras, maravilhosas, rutilantes camadas de crystal; por cima d’ellas constantemente rolam as grandes aguas; sobre as aguas fluctua n’um fulgôr o espirito de Jehovah... Estas laminas de crystal, furadas como um crivo, resvalam umas sobre as outras com uma musica dôce