Livido, apoiado ao muro, eu mal sabia se o cheiro que me suffocava vinha do canto escuro do pateo — se das immundicies que borbulhavam da bocca da Marianna, como d’um cano d’esgoto rebentado. Limpei o suor, murmurei, a desfallecer:

— Está bom Marianna, obrigadinho, eu verei, vá com Deus...

Cheguei a casa tão sombrio, tão murcho, que a titi perguntou-me, com um risinho, se eu «malhára abaixo da egoa.»

— Da egoa?... Não, titi, credo! Estive na igreja da Graça...

— É que vens tão enfiado, assim com as pernas molles... E então o Senhor hoje estava bonito?

— Ai, titi, estava rico!... Mas não sei porquê, pareceu-me tão tristinho, tão tristinho... Até eu disse ao padre Eugenio: «Ó Eugeninho, o Senhor hoje tem desgosto!» E disse-me elle: «Que quer você, amigo? É que vê por esse mundo tanta patifaria!» E olhe que vê, titi! Vê muita ingratidão, muita falsidade, muita traição!

Rugia, enfurecido: e cerrára o punho como para o deixar cahir, punidor e terrivel, sobre a vasta perfidia humana. Mas contive-me, abotoei devagar a quinzena, recalquei um soluço.