Sara foi todo o assunto da noite. A mãe defendia-a, punha-a acima de tudo e de todos, como se fosse um símbolo da perfeição na terra. Fazia isso exatamente por vê-la acusada. O seu amor maternal reagia contra todas as censuras num grande exagero.
Luciano saiu cedo, impressionado e nervoso.
A verdade era que os olhos de Ernestina inquietavam-no mais do que ele desejava.
Como dissera ao Rosas, furtava-se ao casamento, procurando no amor da viúva uma dessas páginas de paixão, freqüentes na vida dos homens. Ernestina, porém, sabia defender-se, era muito mais forte do que ele poderia supor, os planos de amor fácil iam-se desmoronando e ele revolvia-se desesperado entre o desejo de possuir a mulher e a má vontade de a chamar - esposa!
Não era positivamente como marido que ele queria beijar a boca pequena e rubra da viúva Simões! O corpo esbelto e ondeante da moça, o negro azulado do seu cabelo farto, a doçura dos seus olhos rasgados e úmidos o moreno quente da sua pele rosada, acendiam-lhe no coração, não o amor puro e casto que o homem deve dedicar a companheira eterna, mas o fogo sensual de uma paixão violenta e transitória. Ele amava-a, amava-a, sim; tinha ciúmes do passado, era sincero na sua cólera, odiava o Simões e a filha do Simões, porém à sua imaginação