lhe agora mais alta e mais elegante. Usava um vestido branco transparente, que mostrava numa sombra tênue a sua carnação de loura, alva e rosada. Aquele traje dava-lhe um ar encantador de alegria e de ingenuidade.
Até então vira-a sempre de escuro, vacilando entre o cinzento e o preto tristonho do luto; os tons claros iluminavam-lhe a fisionomia numa doce irradiação de poesia e de graça.
- Entre depressa! exclamou ela, senhor ingrato, que não me mandava nem sequer saudades por intermédio de mamãe! E fique desde já sabendo que, para seu castigo, tem de desenhar hoje mesmo uma toilette de fantasia para esta sua amiguinha!
E puxou-o, rindo, para dentro, segurando-lhe a mão.
Luciano deixava-se ir, encantado com aquele acolhimento. Estava num dos seus dias de bom humor, e o passeio a S. Paulo e a ausência de Ernestina, cujo amor o enervava, tinham-lhe temperado os pobres nervos doentios. Sentia-se saudável e tranqüilo naquela tarde.
Passaram todo o tempo da visita combinando fantasias para o baile de D. Candinha.
À despedida, Sara perguntou.
- É verdade, mamãe já foi ver a sua coleção de quadros?
- Coleção de quadros? Quem a ouvisse diria que possuo uma galeria!