ramo da flor dos Alpes, a penugenta edelweiss, uma faca de Toledo incrustada de ouro, ou um leque de Madri.

Sara ia observando tudo com muxoxos de desilusão, até alegrar-se com a vista de uma formosa cabeça de mulher, que surgia, risonha e fresca, do fundo cor de aurora da tela.

Ernestina sentara-se num divã, procurando prender toda a atenção de Luciano; mas este respondia-lhe apenas, lisonjeado com a observação que Sara prestava a tudo, comentando os objetos, indo e vindo de um para outro lado, fazendo-lhe perguntas, apontando como feias, antiguidades que ele achava lindas, extasiando-se às vezes em frente de outras coisas que considerava medíocres! Tudo que tivesse um ar de alegria ou de saúde, era o que vibrava na moça maior entusiasmo. Um grupo de crianças, uma aldeã robusta, um pescador banhado de sol, um ramo de papoulas sangüíneas ou de frutas bem desenhadas e frescas, rebentavam-lhe dos lábios vermelhos frases de espontânea admiração.

Os assuntos diabólicos, nervosos, os quadros torturados em que, em fundos turvos, se estorcessem corpos aflitos ou relampejassem olhares de agonia, de dúvida, ou de ódio, tudo em que a dor domadora, atrocíssima e amarga, derramasse o seu travo ou fincasse o seu dente impiedoso; tudo em que a arte reproduzisse a lágrima e o sofrimento humano, arrepiava as carnes