- Não?!

- Não.

- Deveras? E riu-se. Depois, num tom ora precipitado, ora lento:

- Pois vai compreender. Trata-se de minha filha.

Luciano não pôde reprimir um movimento de surpresa. A viúva observou-o um instante e continuou:

- O senhor tem tido várias vezes a bárbara franqueza de me dizer que a não pode suportar! Ela, além de todos os defeitos da má educação, tem a enorme desvantagem de ser o retrato do pai!... Ora, refletindo em tudo isso e de acordo com uma idéia sua, já mais de uma vez manifestada, resolvi uma coisa: - casá-la!

Luciano estremeceu, mas continuou silencioso e sério. Ernestina tinha o olhar cravado nele, procurando estudar-lhe os gestos e penetrar-lhe no pensamento. Aquele olhar cheio de fogo e de paixão perturbava-o tanto como as palavras que ia ouvindo.

- É já tempo de lhe declararmos o nosso amor e os nossos projetos. Para que o casamento se realize, é forçoso separar-me dela... assim o senhor me tem dito... Aconselhe-me agora.

Luciano quis falar, mas deteve-se. Ernestina esperou um segundo.

- Porque não responde? O senhor nunca teve cuidado em esconder de mim o mal que lhe