Ernestina deu alguns passos. cambaleante, até que sem forças caiu de joelhos, erguendo as mãos unidas para o céu impiedoso.
Ela também tinha reconhecido o padre; aquela batina preta passando rápida, de uma porta a outra porta, como que lhe dissera alto e de longe: acabou-se!
Dentro, havia um rumor abalado de vozes, e um crepitar de luzes, talvez das velas de cera alumiadas junto ao cadáver... E cá fora nem uma luz; tudo preto; água correndo pelos declives da montanha, nada mais.
Ernestina já não rezava, nem o seu espírito sabia formular, nem os seus lábios articular palavras. Encolhida, de joelhos na areia molhada; ela afundava o olhar pelo corredor, agarrando-se as grades do terraço, e empapando a cabeça nas trepadeiras alagadas...
Subitamente, uma voz desconhecida disse alto, lá de dentro:
- Muito depressa! - e ela viu o jardineiro vir correndo pelo corredor e sair.
- Que seria?! Teve desejo de o segurar em ambas as mãos, de lhe perguntar se a sua filha adorada era viva ou morta... mas não pôde mover-se, e ele, como a não visse... passou.
Ernestina então deixou-se cair sentada, com as mãos espalmadas no chão e o pescoço dobrado sobre a espinha. A chuva recomeçava em pingos