se da sua mentira, parecendo-lhe sentir os olhos do esposo fixos nela.

O casamento feito pelo pai! Mentira! O Simões fora aceito por despeito dela com o outro, o Luciano, mais nada. O pai não interviera, ficou até surpreso quando o negociante lhe pediu a filha. Em verdade, ele, o bom Simões, fora requestado pela moça! O plano fora seu; queria casar, ser rica, vingar-se de Luciano, que a perseguia sempre nos bailes, nos teatros, em toda a parte, e que afinal, sem uma explicação deixava-a para ir para França!...

O comendador Simões tinha sido um bom marido, carinhoso, cortês, sempre pronto a dar-lhe tudo quanto ela desejasse, vestidos caros, casa ajardinada, mobílias modernas, vida farta, confortável e doce.

Ela tinha consciência disso tudo, gozara a seu modo, conforme as exigências da sua educação burguesa. Se não tivesse tido a filha, talvez que a própria comodidade em que vivia imersa a tivesse feito procurar os gozos efêmeros da sociedade, mas a sua pequenina Sara prendia-a aos deveres da casa, preocupando-a muito...

- Então seu pai obrigou-a a casar? perguntou Luciano numa insistência maldosa.

- Obrigar propriamente não... aconselhou e achei que era do meu dever obedecer...

- E não se arrependeu, Ernestina ? Não lhe ocorreu