O tempo e a convivência desvaneceram o desamor da esposa. O nascimento de Sara acabou de solidificar a aflição de Ernestina pelo marido. O pensamento de ambos convergia para a pequenita; tinham ambos o mesmo cuidado, encontravam-se ao mesmo tempo a beijar o mesmo rosto ou a embalar o mesmo berço... As suas conversações mais intimamente doces eram a respeito da Sarinha, vendo-a brincar dos joelhos de um para os joelhos do outro, a dizer com igual ternura.
- Papai... ou mamãe!
Essas coisas iam voando pelo espírito da viúva, enquanto Luciano lhe dizia que viera de Paris por sabê-la livre, do contrário lá estaria ainda...
Falando sempre, doce e mansamente ele pegou-lhe na mão e retirou, muito devagar, a aliança de ouro que ela ainda usava no dedo.
Ernestina consentiu. O anel rolou para o chão.
- Sempre julguei que o senhor voltasse casado.
- Não se lembrava que os homens são menos volúveis do que as mulheres...
- Oh!
E Ernestina riu-se.
- Temos uma prova em nós mesmos.
Ernestina, já menos perturbada, perguntou, fixando em Luciano um olhar claro e sério: