- Ficou zangada comigo?

- Muito

- Perdoa-me?

Ernestina teve vontade de dizer - esqueci-o - mas calou-se; roda a sua energia e resolução tinham-se despedaçado!

- A senhora casou muito cedo...

- Com dezoito anos incompletos...

- Quantos meses depois da minha partida?

- Cinco...

- Que barbaridade!...

Riram-se. Lembravam-se juntos do passado.

Tinham começado a amar-se em casa de um tio de Ernestina, ela com quinze anos, ele com dezoito... uma criancice de que Ernestina se teria esquecido, se o seu casamento não tivesse sido feito por despeito disso. Luciano era então estudante de medicina; o pai morava em Minas o ele hospedava-se em casa de um negociante, Gustavo Ferreira, no Engenho Velho.

O negociante era o correspondente e o amigo mais querido do pai de Luciano e era também o irmão preferido do pai de Ernestina. Isso ligou-os.

O tio Gustavo, como ambos diziam, não tinha filhos, a mulher passava a vida doente, sempre queixosa e asmática, no entanto, ela vivia ainda e ele tinha morrido de um ataque apopléctico.

- Seu pai? Perguntou Luciano