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A cidade e as serras

da larga rua da quinta que levava ao tanque, debalde procurei, e me embrenhei, e até gritei: — Eh, prima Joanninha!...

— Talvez esteja lá para baixo, para o tanque...

Descemos a rua, entre arvores, que a cobriam com as densas ramas encruzadas. Uma fresca, limpida agoa de rega corria e luzia n’um caneiro de pedra. Entre os troncos, as roseiras bravas ainda tinham uma frescura de verão. E o pequeno campo, que se avistava para além, rebrilhava com doçura, todo amarello e branco, dos malmequeres e botões d’ouro.

O tanque, redondo, fôra esvasiado para se lavar, e agora de novo o repuxo o ia enchendo d’uma agoa muito clara, ainda baixa, onde os peixes vermelhos se agitavam na alegria de recuperarem o seu pequeno oceano. Sobre um dos bancos de pedra que circumdavam o tanque pousava um cesto cheio de dhalias cortadas. E um moço, que sobre uma escada podava as camelias, vira a Snr.a D. Joanna seguir para o lado da parreira.

Marchamos para a parreira, ainda toda carregada de uva preta. Duas mulheres, longe, ensaboavam n’um lavadoiro, na sombra de grandes nogueiras. Gritei: — Eh lá? Vocês viram por ahi a Snr.a D. Joanna? Uma das moças