A CIDADE E AS SERRAS

saltava para a almofada do fáeton, e corria ao Bosque, e saudava a barba talmúdica do Efraim, e os bandós furiosamente negros da Verghane, e o Psicólogo de fiacre, e a condessa de Trèves na sua nova caleche de oito molas fornecida pelas operações conjuntas da Bolsa e da alcova. Depois arrebanhava amigos para jantares de surpresa no Voisin ou no Bignon, onde desdobrava o guardanapo com a impaciência duma fome alegre, vigiando fervorosamente que os Bordéus estivessem bem aquecidos e os Champanhes bem granitados. E no teatro das Nouveautés, no Palais Royal, nos Buffos, ria, batendo na coxa, com encanecidas facécias de encanecidas farsas, antiquíssimos trejeitos de antiquíssimos actores, com que já rira na sua infância, antes da guerra, sob o segundo Napoleão!

De novo, em duas semanas, se abarrotaram as páginas da sua Agenda. A magnificência do seu traje, como imperador Frederico II de Suábia, deslumbrou, no baile mascarado da Princesa de Cravon-Rogan (onde também fui, de «moço de forcado»). E na Associação para o Desenvolvimento das Religiões Esotéricas discursou e batalhou bravamente pela construção dum Templo Budista de Montmartre!

Com espanto meu recomeçou também a conversar, como nos tempos de Escola, da «famosa Civilização nas suas máximas proporções». Mandou encaixotar o seu velho telescópio para o usar em Tormes. Receei mesmo que no seu espírito germinasse a ideia de criar, no cimo da serra, uma Cidade com todos os seus órgãos. Pelo menos não consentia o meu Jacinto que essas semanas

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