cifra, muito de alto, como uma pedra imensa, para esmagar Jacinto:
— Duzentos mil-réis, Ex.mo Senhor! E é para mais que não para menos!
Eu ria da trágica ameaça do excelente homem. E Jacinto, muito docemente, para conciliar o Silvério:
— Bem, meu amigo... Eram uns seis contos de réis! Digamos dez, porque eu queria dar a todos alguma mobília e alguma roupa.
Então o Silvério teve um brado de terror:
— Mas então, Ex.mo Senhor, é uma revolução!
E como nós, irresistivelmente, ríamos dos seus olhos esgazeados de horror, dos seus imensos braços abertos para trás, como se visse o mundo desabar, — o bom Silvério encavacou:
— Ah! V. Ex.as riem? Casas para todos, mobí-lias, pratas, bragal, dez contos de réis! Então também eu rio! Ah! ah! ah! Ora viva a bela chalaça!... Está boa a risota!
E subitamente, numa profunda mesura, como declinando toda a responsabilidade naquele disparate magnífico:
— Enfim, V. Ex.a é quem manda!
— Está mandado, Silvério. E também quero saber as rendas que paga essa gente, os contratos que existem, para os melhorar. Há muito que melhorar. Venha você almoçar connosco. E conversamos.
Tão saturado de espanto estava o Silvério, que nem recebeu mais espanto com essa «melhoria de rendas». Agradeceu o convite, penhorado. Mas pedia licença a S. Ex.a para passar primeiramente pelo lagar, para ver os carpinteiros que