acompanhei a sua cauda sussurrante e cor de açafrão. Ela parara diante da Máquina de contar, de que Jacinto já lhe fornecera pacientemente uma explicação sapiente. E de novo roçou os buracos de onde espreitam os números negros, e com o seu enlevado sorriso murmurou : — «Prodigiosa, esta prensa eléctrica!...»
Jacinto acudiu:
— Não! Não! Esta é...
Mas ela sorria, seguia... Madame de Trèves não compreendera nenhum aparelho do meu Príncipe! Madame de Trèves não atendera a nenhuma dissertação do meu Príncipe! Naquele gabinete de sumptuosa Mecânica ela somente se ocupara em exercer, com proveito e com perfeição, a Arte de Agradar. Toda ela era uma sublime falsidade. Não escondi a Danjon a admiração que me penetrava.
O facundo Académico revirou os olhos bogalhudos:
— Oh! e um gosto, uma inteligência, uma sedução!... E depois como se janta bem em casa dela! Que café!... Mulher superior, meu caro senhor, verdadeiramente superior!
Deslizei para a Biblioteca. Logo à entrada da erudita nave, junto da estante dos Padres da Igreja onde alguns cavalheiros conversavam, parei a saudar o Director do Boulevard e o Psicólogo-feminista, o autor do Coração Triple, com quem na véspera me familiarizara ao almoço, no 202. O seu acolhimento foi paternal; e, como se necessitasse a minha presença, reteve na sua mão ilustre, rutilante de anéis, com força e com gula, a minha grossa palma serrana. Todos aqueles