deplorável mente em casa do José. Mas por que se vai jantar ainda ao José? Sempre que chego a Paris, pergunto: «Onde é que se janta agora?» Em casa do José!... Qual! não se janta! Hoje, por exemplo, galinholas... Uma peste! Não tem, não tem a noção da galinhola!
Os seus olhos azulados, dum azul sujo, rebrilhavam, alargados pela indignação:
— Paris está perdendo todas as suas superioridades. Já se não janta, em Paris!
Então, em redor, aqueles senhores concordaram, desolados. O conde de Trèves defendeu o Bignon, onde se conservavam nobres tradições. E o director do Boulevard, que se empurrava todo para S. Alteza, atribuía a decadência da cozinha, em França, à República, ao gosto democrático e torpe pelo barato.
— No Paillard, todavia... — começou o Efraim.
— No Paillard ! — gritou logo o Grão-Duque. — Mas os Borgonhas são tão maus!... Os Borgonhas são tão maus!...
Deixara pender os braços, os ombros, descoroçoado. Depois, com o seu lento andar balançado como o dum velho piloto, atirando um pouco para trás as lapelas da casaca, foi saudar Madame de Oriol, que toda ela faiscou, no sorriso, nos olhos, nas jóias, em cada prega das suas sedas cor de salmão. Mas apenas a clara e macia criatura, batendo o leque como uma asa alegre, começara a chalrar, S. Alteza reparou no aparelho de Teatrofone, pousado sobre uma mesa entre flores, e chamou Jacinto:
— Em comunicação com o Alcazar?... O Teatrofone?