envelhecera nas adegas clássicas do avô Galião. Ele afastou, numa preparação metódica, os longos, densos fios do bigode que lhe cobriam a boca grossa. Os escudeiros serviram um consommé frio com trufas. E o moço cor de milho, que espalhara pela mesa o seu olhar azul e doce, murmurou, com uma desconsolação risonha:
— Que pena!... Só falta aqui um general e um bispo!
Com efeito! Todas as Classes Dominantes comiam nesse momento as trufas do meu Jacinto... Mas defronte Madame de Oriol lançara um riso mais cantado que um gorjeio. O Grão-Duque, numa silva de orquídeas que orlava o seu talher, notara uma, sombriamente horrenda, semelhante a um lacrau esverdinhado, de asas lustrosas, gordo e túmido de veneno: e muito delicadamente ofertara a flor monstruosa a Madame de Oriol, que, com trinado riso, solenemente, a colocou no seio. Colado àquela carne macia, duma brancura de nata fina, o lacrau inchara, mais verde, com as asas frementes. Todos os olhos se acendiam, se cravavam no lindo peito, a que a flor disforme, de cor venenosa, apimentava o sabor. Ela reluzia, triunfava. Para ajeitar melhor a orquídea os seus dedos alargaram o decote, aclararam belezas, guiando aquelas curiosidades flamejantes que a despiam. A face vincada de Jacinto pendia para o prato vazio. E o alto lírico do Crepúsculo Místico, passando a mão pelas barbas, rosnou com desdém:
— Bela mulher... Mas ancas secas, e aposto que não tem nádegas!
No entanto o moço de loura penugem voltara