A CIDADE E AS SERRAS

árvores. Ele e todos os caçadores param — e a galante senhora, lívida, com a amazona arregaçada, corre para trás duma pedra... Mas nunca soubemos em que se ocupava a banqueira, nesse descampado, agachada atrás da pedra — porque justamente o mordomo apareceu, reluzente de suor, e balbuciou uma confidência a Jacinto, que mordeu o beiço, trespassado. O Grão-Duque emudecera. Todos se entreolhavam, numa ansiedade alegre. Então o meu Príncipe, com paciência, com heroicidade, forçando pàlidamente o sorriso:

— Meus amigos, há uma desgraça...

Dornan pulou na cadeira:

— Fogo?

— Não, não era fogo. Fora o elevador dos pratos que inesperadamente, ao subir o peixe de S. Alteza, se desarranjara, e não se movia, encalhado!

O Grão-Duque arremessou o guardanapo. Toda a sua polidez estalava como um esmalte mal posto:

— Essa é forte!... Pois um peixe que me deu tanto trabalho! Para que estamos nós aqui então a cear? Que estupidez! E por que o não trouxeram à mão, simplesmente? Encalhado... Quero ver! Onde é a copa?

E, furiosamente, investiu para a copa, conduzido pelo mordomo que tropeçava, vergava os ombros, ante esta esmagadora cólera de Príncipe. Jacinto seguiu, como uma sombra, levado na rajada de S. Alteza. E eu não me contive, também me atirei para a copa, a contemplar o desastre, enquanto Dornan, batendo na coxa, clamava que se ceasse sem peixe!

O Grão-Duque lá estava, debruçado sobre o

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