VIII
Se a vida de Fradique foi assim governada, por um tão constante e claro propósito de abstenção e silêncio—eu, publicando as suas Cartas pareço lançar estouvada e traiçoeiramente o meu amigo, depois da sua morte, nesse ruído e publicidade a que ele sempre se recusou, por uma rígida probidade de espírito. E assim seria—se eu não possuísse a evidência de que Fradique, incondicionalmente, aprovaria uma publicação da sua Correspondência, organizada com discernimento e carinho. Em 1888, numa carta em que lhe contava uma romântica jornada na Bretanha, aludia eu a um livro que me acompanhara e me encantara, a Correspondência de Xavier Doudan —um desses espíritos recolhidos que vivem para se aperfeiçoar na verdade e não para se glorificar no Mundo, e que, como Fradique, só deixou vestígios da sua intensa vida intelectual na sua Correspondência, coligida depois com reverência pelos confidentes do seu pensamento.
Fradique, na carta que me volveu, toda ocupada dos Pirenéus onde gastara o Verão, acrescentava num pós-escrito: — «A Correspondência de Doudan é realmente muito legível; ainda que através dela