um feixe de músculos sobre um feixe de ossos, podia erguer-se e operar como um elemento da Natureza. Bastava ter o ilimitado querer—para dele tirar o ilimitado poder. Eis aí em Rameses um ser que tudo quer e tudo pode, e a quem Ftás, o Deus sagaz, diz com espanto: «a tua vontade dá a vida e a tua vontade dá a morte!» Ele impele a seu bel-prazer as raças para Norte, para Sul ou para Leste; ele altera e arrasa, como muros num campo, as fronteiras dos reinos; as cidades novas surgem das suas pegadas; para ele nascem todos os frutos da terra, e para ele se volta toda a esperança dos homens; o lugar para onde volve os seus olhos é bendito e prospera, e o lugar que não recebe essa luz benéfica jaz como «o terrão que o Nilo não beijou»os deuses dependem dele, e Amnon estremece inquieto quando, diante dos pilones do seu templo Rameses faz estalar as três cordas entrançadas do seu látego de guerra! Eis um homens—e que seguramente pode afirmar no seu canto triunfal: —«Tudo vergou sob a minha força: eu vou e venho com as passadas largas dum leão; o rei dos deuses está à minha direita e também à minha esquerda; quando eu falo o Céu escuta; as coisas da Terra estendem-se a meus pés, para eu as colher com mão livre; e para sempre estou erguido sobre o trono do mundo!»
«O mundo», está claro, era aquela região, pela maior parte arenosa, que vai da cordilheira Líbica à Mesopotâmia: e nunca houve mais petulante ênfase do que