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sua liberdade. O homem moderno, esse, mesmo nas alturas sociais, é um pobre Adão achatado entre as duas páginas dum código.

Se V. acha tudo isto excessivo e fantasista, atribua-o a que jantei ontem, e conversei inevitavelmente, com o seu correligionário P., conselheiro de Estado, e murchas cosas más. Más em espanhol; e más também em português no sentido de péssimas. Esta carta é a reação violenta da conversa conselheiral e conselheirífera. Ah, meu amigo, desditoso amigo, que faz V. depois de receber o fluxo labial dum conselheiro? Eu tomo um banho por dentro—um banho lustral, imenso banho de fantasia, onde despejo, como perfume idôneo, um frasco de Shelley ou de Musset. Amigo certo et nunc et semper.—Fradique Mendes.


IV


A MADAME S.


Paris, Fevereiro.


Minha Cara Amiga.—O espanhol chama-se Dom Ramon Covarubia, mora na Passage Saulnier, 12, e como é aragonês, e portanto sóbrio, creio que com dez francos por lição se contentará amplamente. Mas se seu filho já sabe o castelhano necessário para entender os Romanceros, o D. Quixote, alguns dos «Picaresco