me manifestava, assim visível e quase tangível, uma influência descia dela sobre mim—uma influência estranha, diferente de todas as influências humanas, e que me dominava com transcendente omnipotência. Como lhe poderei dizer? Monge, fechado na minha cela, comecei a aspirar à santidade, para me harmonizar e merecer a convivência com a Santa Clara a que me votara. Fiz então sobre mim um áspero exame de consciência. Investiguei com inquietação se o meu pensar era condigno da pureza do seu pensar; se no meu gosto não haveria desconcertos que pudessem ferir a disciplina do seu gosto; se a minha ideia da vida era tão alta e séria como aquela que eu pressentira na espiritualidade do seu olhar, do seu sorrir; e se o meu coração não se dispersara e enfraquecera de mais, para poder palpitar com paralelo vigor junto do seu coração. E tem sido em mim agora um arquejante esforço, para subir a uma perfeição idêntica aquela que, em si, tão submissamente adoro.
De sorte que a minha querida amiga, sem saber, se tornou a minha educadora. E tão dependente fiquei logo desta direção, que já não posso conceber os movimentos do meu ser senão governados por ela e por ela enobrecidos. Perfeitamente sei que tudo o que hoje surge em mim de algum valor, ideia ou sentimento, é obra dessa educação que a sua alma dá à minha, de longe, só com existir de ser compreendida. Se hoje me abandonasse a sua influência—devia antes dizer, como um asceta, a sua