— De certo; que ar espantado tem ella!.. parece uma matuta, que nunca pisou em um salão de baile; não acha, D. Rozalina?
— Sem duvida!.., e você não reparou na toilette della?... meo Deos!.. que pobreza! a minha mucama tem melhor gosto para se trajar. Aqui a D. Emilia é que talvez saiba quem ella é.
— Eu? porque? é a primeira vez que a vejo, mas o senhor Alvaro já me tinha dado noticias dela, dizendo que era um assombro de belleza. Não vejo nada disso; é bonita, mas não tanto, que assombre.
— Aquelle senhor Alvaro sempre é um excentrico, um exquisito; tudo quanto é novidade o seduz. E onde iria elle excavar aquella pérola, que tanto o traz embasbacado?...
— Veio de arribação lá dos mares do sul, minha amiga, e a julgar pelas apparencias não é de todo má.
— Se não fosse aquella pinta negra, que tem na face, seria mais supportavel.
— Pelo contrario, D. Laura; aquelle signal é que ainda lhe dá certa graça particular...
— Ah! perdão, minha amiga; não me lembrava, que você tambem tem na face um signalsinho semelhante; esse devéras fica-te muito bem, e dá-te muita graça; mas o della, se bem reparei, é grande de mais; não parece uma mosca, mas sim um besouro, que lhe pousou na face.