assentava-lhe maravilhosamente, e realçavão-lhe ainda mais os encantos naturaes. O effeito deslumbrante, que Elvira produzio logo ao primeiro aspecto, e o empenho com que Alvaro procurava fazer sobresahir os seductores attractivos de Elvira, como de proposito para eclipsar as outras bellezas do salão, erão de sobejo para irritar-lhes a vaidade e o amor proprio. Uma e outro devião ser naquella noite o alvo de mil olhares desdenhosos, de mil sorrisos zombeteiros, e acerados epigrammas.

Alvaro nem dava fé da mal disfarçada hostilidade, com que elle e a sua protegida, — podemos dar-lhe esse nome, — erão acolhidos naquella reunião; mas a timida e modesta Elvira, que em parte alguma encontrava lhaneza e cordialidade, achava-se mal naquella atmosphera de fingida amabilidade e cortezania, e em cada olhar via um escarneo desdenhoso, em cada sorriso um sarcasmo.

Já sabemos quem era Alvaro; agora travemos conhecimento com o seo amigo, o Dr. Geraldo.

Era um homem de trinta annos, bacharel em direito, e advogado altamente conceituado no foro do Recife. Entre as relações de Alvaro era a que cultivava com mais affecto e intimidade; uma intelligencia de bom quilate, firme e esclarecida, um caracter sincero, franco e cheio de nobreza, davam-lhe direito a essa predilecção da parte de