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quando engolphados na profunda escuridão do infortunio.
— E’ bella a tua philosophia, e digna de teo nobre coração; mas que queres? as leis civis, as convenções sociaes, são obras do homem, imperfeitas, injustas, e muitas vezes crueis. O anjo padece e geme sob o jugo da escravidão, e o demonio exalça-se ao fastigio da fortuna e do poder.
— E assim pois, — reflectio Alvaro com desanimo, — nessas desastradas leis nenhum meio encontras de disputar ao algôz essa innocente victima?
— Nenhum, Alvaro, em quanto nenhuma prova puderes adduzir em pro do direito de tua protegida. A lei no escravo só vê a propriedade, e quasi que prescinde nelle inteiramente da natureza humana. O senhor tem direito absoluto de propriedade sobre o escravo, e só pode perdel-o manumittindo-o ou albreando-o por qualquer maneira, ou por litigio provando-se a liberdade, mas não por sevicias que commetta ou outro qualquer motivo analogo.
— Miseravel e estupida papelada que são essas vossas leis. Para illaquear a boa fé, proteger a fraude, illudir a ignorancia, defraudar o pobre e favorecer a usura e rapacidade dos ricos, são ellas fecundas em recursos e estratagemas de toda a especie. Mas quando se tem em vista um fim