224

e o mundo inteiro a acompanhará na maldição ao homem, que retem no mais infamante captiveiro uma creatura cheia de virtudes, prendas e belleza...

— Basta senhor!... agora fico tambem sabendo, que uma escrava, só pelo facto de ser bonita e prendada, tem direitos á liberdade. Fique tambem Vª. Sª. sabendo, que se minha mãe não creou essa rapariga para satisfazer aos meos caprichos, muito menos para satisfazer aos de Vª. Sª., a quem nunca conheceo nesta vida. Senhor Alvaro, se deseja ter alguma linda escrava para sua amasia, procure outra, compre-a, que a respeito desta, pode perder toda a esperança.

— Senhor Leoncio, Vª. Sª. de certo esquece-se do lugar onde está, e da pessoa com quem falla, e julga que se acha em sua fazenda fallando aos seos feitores ou a seos escravos. Advirto-lhe, para que mude de linguagem.

— Basta, senhor; deixemo-nos de vãs disputas, e nem eu vim aqui para ser catechisado por Vª. Sª. O que quero é a entrega da escrava e nada mais. Não me obrigue a usar do meo direito levando-a á força.

Alvaro desvairado por tão grosseiras e ferinas provocações, perdeo de todo a prudencia e sangue frio.

Entendeo que para sahir-se bem na terrivel conjunctura em que se achava, só havia um ca-