— Mas a senhora está louca, d. Joana?! balbuciou o médico, mal disfarçando a sua ira; não a entendo!
Com medo de uma descarga de censuras, d. Joana despediu-se. Ia ainda dar uma volta pela Pedra do Sal.
O dr. Gervásio mal a cumprimentou; sentia-se colado de espanto àquele chão poeirento. Os seus amores, que ele julgava bem ocultos, tinham varado as sacristias e ido do Botafogo elegante até aos casebres do Castelo e da Conceição! Quis desmentir a velha; mas os seus olhos claros, de um castanho louro, não o deixaram falar, cortando-lhe pela raiz qualquer protesto. Ela não falara só pela boca, que a tinha sincera; mas também pelos olhos, em cuja limpidez aparecera toda a verdade.
O médico viu-a, com ódio, ir arrastando, na sua peregrinação de fé, as pernas inchadas, rebolando os quadris largos, bem fornidos e que ainda os franzidos da saia exageravam.
Apressou-se em voltar-lhe as costas, com medo que ela tornasse, para lhe dizer ainda alguma coisa do pecado.
O que lhe repugnava, sobretudo, era a solicitada intervenção do padre. Desde então deixou de reparar nas coisas, para pensar em si. E