poetas?! O médico abriu ao acaso o primeiro livro ao alcance da mão, e observou logo que ele estava anotado, a lápis, com sinais firmes, de uma vontade bem dirigida, perfeitamente consciente do seu claro juízo. Era o Cid. A primeira página onde o olhar do dr. Gervásio caiu, havia este verso marcado com uma linha gorda:
Lamour nest quun plaisir, lhonneur est un devoir.
Falava D. Diogo. O médico releu o verso com um sorriso de sarcasmo.
L amour nest quun plaisir...
Pois sim! bem esquecido estaria o velho pai de D. Rodrigo, ou não chegara na sua juventude a amar com amor!
Depois daquilo o dr. Gervásio folheou outros livros literários, por curiosidade, desprezando os técnicos, e em todos achou vestígios de uma leitura inteligente. Bastava; começava a compreender o homem. Iludira-se até então, julgando o Rino como um medíocre e um simples. Um simples seria, mas um medíocre, não. Não o temera nunca como rival, apesar de o ver apaixonado por Mila; julgara-o fraco, inferior, sem recursos, falto de elegância, que é sempre o que seduz as mulheres, física e intelectualmente; não passara nunca aos seus