era um escárnio, não era outra coisa. Permitia-lhe a leitura de um ou outro clássico português de mais calmo estudo e pulsação regular; lembrava-se mesmo agora de lhe ter surpreendido algumas palavras de sabor antigo e que lhe tinham feito, aos ouvidos delicados, um certo prurido de estranheza. A sensação avivava-se, a reminiscência induzia-o a estudar o homem. Voltou de novo o olhar para ele e resumiu ainda em um traço o seu juízo:

— Um belo animal!

A irmã do capitão servia vermouth, mostrando em um sorriso amável os seus dentinhos bicudos e desiguais. Ao dirigir-se ao médico, ela obrigou-o a desviar-se da sua observação; e ele, descuidado, refletindo na frase uma idéia que lhe atravessava o espírito, agradeceu-lhe em inglês.

— Acha-me com ar de miss, não é assim? Talvez tenha razão; não é a primeira pessoa que me dá a entender isso mesmo...

— Se lhe desagrada...

— Absolutamente nada; por que? Houve na nossa família qualquer antepassado estrangeiro, uma bisavó dinamarquesa, creio eu... entretanto, afirmo-lhe, somos bem brasileiros, mesmo um pouco nativistas... Já me disseram, a propósito disto,