Olhou: embaixo a pretinha velha varria pressurosa a calçada, ajuntando o café da rua. Carregadores saíam-lhe da porta, vergados ao peso das sacas. Os carroções passavam cheíssimos, com estardalhaço, chocalhando ferragens, e um rumor compacto de vozes levantava-se no ar espesso, engrossado de pó.

Era o trabalho, que passava, ardente e esbaforido.

Daquele esforço surgiria a redenção do povo. E com suor e lágrimas que se fertilizam os melhores campos.

Da enxada, que fatiga o braço e rasga o seio do barro, é que deriva o bem da humanidade, a água que mata a sede e a árvore que dá sombra e se desmancha em flores.

Abençoados os que não fraquejam e podem no fim da existência erguer bem alto a cabeça sem respingos de vício. Esses não terão patinhado na enxurrada enganadora, esses dirão aos filhos:

— Olhem para a minha vida e façam como eu fiz.

Era 6 que pensava Francisco Teodoro, querendo agarrar-se à sua fé antiga, que temia caísse agora, abalada pela ventania daqueles dias de loucura.