para o movimento contínuo da rua embaixo, cortando com uma linha larga e branca os prédios melancólicos? Não. Com os olhos fixos na água crespa da baía, coalhada de vapores negros, de navios brancos, de embarcações de todo o feitio, ele só pensava em Camila, tão rígida para com ele quanto dócil e amorosa para com o outro...
Fugia. Estava tudo acabado. Era o adeus à sua mocidade, àquele sonho de amor, que ele dizia através daquela infinidade de corações felizes, fortes, que esses telhados abrigavam por certo. Não haveria mais ninguém assim, tão desafortunado.
Como seria bom viver, mesmo naquele imundo bairro de trabalho, com o coração tranqüilo, com fé no amor!
Para ele, estava escrito: não tornaria a ver Camila. A humilhação da última visita queimara-o como brasas. Ainda se ela o desprezasse, mas não amasse o outro!
E toda a causa da sua desventura estava naquela preferência. Por que havia de ser o outro, e não ele?
O sino da Conceição badalou com força. Rino voltou-se; dois padres moços, de batina, atravessavam o largo, como dois pontos pretos de exclamação em um quadro vasto de sol.