livre, quando, relanceando o olhar pelas paredes estacou surpreendida.
De um fundo nebuloso, de brancura opaca, surgiam róseos anjinhos nus, soprando em longos flautins de ouro.
A maneira por que nascia da tinta aquela carnação tenra e doce, porque a leveza do pincel chamava à tona aquele bando de crianças, que vinham de longe, as primeiras ainda mal entrevistas nos vapores da atmosfera densa, as últimas já batidas de sol, na irradiação límpida da luz, fizeram-na estremecer. Era uma arte que se revelava aos seus olhos, como que um mistério que se esclarecia ao seu entendimento.
Nunca pensara nisso. Os quadros que havia em casa, vinham de fábricas. A máquina não produz almas, e só a alma impressiona e acorda instintos.
Em pé, com o violino mal seguro nas mãos, Ruth concebia agora como se podia pintar um quadro. Maravilhava-a, que de uma parede compacta e bruta, o artista fizesse o éter, onde nuvens se balançavam e asinhas de filó batiam trêmulas.
Aquela surpresa dava-lhe a idéia de ter posto os pés em país novo, um país de sonhos.
Já não pensava em se arredar dali. Cada