D. Joana lembrou-se que estavam perto da casa do dr. Maia, e que mais valeria irem lá papar-lhe o almoço do que entrarem sozinhas em um restaurante. Ruth sorriu-se do escrúpulo da velha, já contagiada pelas economias sórdidas da irmã.

— Tanto me faz, tia Joana; leve-me onde haja bifes, e eu ficarei contente; respondeu-lhe a menina.

Ardiam-lhe os pés; uma fadiga enorme amolecia-lhe o corpo; e entregava-se, inerte, à vontade da velha. Por fortuna, a casa do dr. Maia ora perto do largo, na rua dos Ourives, um sobrado antigo, de rasgados salões arejados, onde velhas mobílias bem espanadas atestavam o escrúpulo dos moradores.

O dr. Maia foi o primeiro a recebê-las no corredor; muito velhinho, arrastando os chinelos bordados pela neta, com a gorra de veludo cobrindo-lhe a calva, e um bom sorriso hospitaleiro iluminando-lhe o rostinho claro e murcho, onde os olhos azuis se iam velando da neblina da velhice.

D. Joana era íntima da casa, recebida sem cerimônia; e como a Ruth tivesse ar de menina, ele foi empurrando a ambas para a sala de jantar.

Só estava em casa a velha, a D. Elisa; a