vinha carregado com uma cesta de frutas e frescos pés de alface.
A terra suava de farta; não lhe faltava nem o adubo que lhe dá força, nem o ornamento que lhe dá graça. Afigurou-se então a Teodoro, com clareza, que a vida é uma coisa bem boa para quem vence e faz cair sobre o terreno que o circunda a chuva de ouro fecundante.
No seu orgulho de homem saído do nada, aquele gozo material da riqueza enchia-lhe a alma de uma espécie de heroísmo.
Era como se ele tivesse feito tudo, desde as pedras dos fundos alicerces do seu palácio até as mais esquisitas frutas do seu pomar e as mais divinas flores das suas roseiras. Semente germinada à custa do seu dinheiro, era obra sua, envaidecia-o, como se a suprema perfeição da planta lhe tivesse saído de entre os dedos poderosos.
Em todo esse sentimento de conquista havia a bondosa ingenuidade de ter sabido criar para os seus uma felicidade perfeita.
Nunca os filhos saberiam o que era uma infância como fora a sua, desagalhada, errante; nunca a mulher saberia o que era ter um desejo sem esperança de satisfação, e a todos envolveria sempre o luxo, a abundância e a alegria.