era chocho, mas levava a carteira gorda. A mãe, com o seu modo de rainha destronada, e as irmãs iam bem enroupadas e todas tranqüilas sobre o futuro de Mila e do filho mais velho, o Joca, por quem Teodoro prometera olhar, e que andava por aí, à-toa.

A sua maior comoção fora ao entrar em casa, na rua da Candelária. Supusera sempre que ela apalpasse, com sofreguidão, todo o seu ninho, na alegria de ser a dona, a senhora de tantas coisas compradas para o agasalho do seu amor. Mas não: em vez de ir para o interior, Camila fora para a sacada. Ele acompanhou-a.

Em frente, os telhados mais baixos sucediam-se irregulares, cortando-se em linhas angulosas de um vermelho sujo; as casas, desiguais, acumulavam-se, paredes ameaçando paredes, janelinhas de sótãos espiando as telhas estriadas de limo, de onde emergiam chaminés negras e curtas, baforando fumo.

Camila murmurava, como quem fala só:

— Se ao menos se visse o mar...

Disse; e curvava-se para a rua quando a badalada de um sino reboou perto, formidável, prolongando-se num som que era como um gemido da cidade inteira. Mila ergueu-se com um