se no som, com um poder de infinita pacificação.
Então a viúva teve inveja da filha, daquele ideal puríssimo, que não lhe traria nunca o travo de um desengano. A arte a consolaria do homem, pensou, quando chegasse o dia de o amar e de o servir...
Maldita a natureza, que a fizera, a ela, só para o amor!
As onze horas da manhã seguinte, Camila sentou-se a um canto da sala de trabalho. O sol entrava pela janela, estendendo no chão uma toalha de ouro. Debruçada sobre a mesa, Ruth escrevia em papel de pauta, preparando lições para duas discípulas novas. Toda a sua indolência antiga se transformara em atividade. Nina cosia à máquina e, no meio da casa, Noca borrifava a roupa para o engomado. Ela olhou para todos. Ruth estava feiosa, muito magrinha; mas a sua coragem iluminava-lhe a fronte, uma fronte de homem, vasta e pensadora; as outras pareciam até mais bonitas naquele afã. Estavam na sua atmosfera.
Com voz pausada e clara, Camila pediu que lhe dessem trabalho. Olharam-na com espanto.