corpo redondinho e nu suspendera tantas vezes no ar para o fazer rir. E fora uma criança alegre; agora não era; pelo menos em casa mostrava-se tão arredio e tão sério... Noca suspirou e, depois de um levantar de ombros, prosseguiu nos seus pensamentos:

— Afinal de contas, faz ele muito bem: a mocidade passa e o dinheiro foi inventado para se gastar. Ele gosta dela, acabou-se! Sabe Deus o que o pai teria pintado também; agora fala e quer dar leis ao coração do filho... Está-se ninando! Aquele! pois sim! Cada um sabe de si...

Ao mesmo tempo sentia piedade pela Nina. Em casa a única pessoa que percebera aquele segredo fora ela. Sabia, mas calava-se muito bem calada; para que arranjar barulhos? Era tão boa, a pobre, tão fácil de contentar... Bastava ver os vestidos e os chapéus que ela usava: tudo restos de Mila e de Ruth, que ela fuchicava a seu jeito... Nunca pedia nada, nunca se punha em evidência, ninguém se lembrava até quando ela fazia anos! Talvez houvesse em casa um pouco de ingratidão para com a moça; mas de quem era a culpa? Mário era um rapaz rico e de bom gosto, havia de escolher mulher mais bonita, que fizesse vista numa sala.

Noca adorava o Mário; achava-o lindo,