— Vá lá, que não são mal escolhidas as suas pedras, precisa ainda de um brilhante negro, para este dedinho que está muito nu. Tenho pena que não goste de pérolas; só quer pedras que fulgurem.
— Só.
— Vamos para a saleta? trouxe-lhe um livro.
— Versos?
— Não. Um romance.
— Ainda bem; eu só gosto de versos quando o senhor mos lê. Uma monotonia...
Na saleta, ela abriu a veneziana e aspirou com força o aroma dos resedás plantados junto à parede. Gostava dos aromas fortes. Que dia maravilhoso! depois, voltando-se:
— O livro?
— Está aqui.
— Já leu?
— Já. Trata-se de um amor um pouco parecido com o nosso.
— Então não leio. Sei que está cheio de injustiças e de mentiras perversas. Os senhores romancistas não perdoam às mulheres; fazem-nas responsáveis por tudo - como se não pagássemos caro a felicidade que fruímos! Nesses livros tenho sempre medo do fim; revolto-me contra os castigos que eles infligem às nossas