Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/104

A despeito, porém, de tão rude revés, em sua primeira tentativa o fogoso mancebo não recuou e, arrastado por uma atração irresistível, prosseguiu com implacável pertinácia no louco propósito de render o coração da inflexível donzela.

Já não o impelia mais o desejo de libertar os habitantes daquele lugar da funesta influência de Regina, tampouco o insensato plano de vingança; era agora uma paixão ardente e voraz como um incêndio, impetuosa e desvairada como as tormentas do oceano. Desde que pusera os olhos em Regina, todo o despeito e rancor que lhe votava se havia convertido de chofre no mais violento e cego amor, na mais fervorosa e fanática adoração. Longe de quebrar a sereia o seu encanto fatal, foi ele quem ficou para sempre encantado e preso na rede inextricável dos atrativos da filha do mar.

Todavia, a despeito desse afeto ardente, cego, imenso, que lhe protestava, a despeito de sua gentil figura e garboso porte, e tantas outras prendas que lhe adornavam o corpo e o espírito, o moço jamais pôde conseguir da inexorável fada uma palavra ao menos de dúbia esperança, um olhar menos indiferente, um gesto de complacência. A suas palavras de fogo respondia ela, como já respondera a seu irmão glacial