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em revoltos e desencontrados movimentos, e que noite e dia galopavam bramindo em volta da ilha maldita como um bando de dragões furiosos, vedando o seu acesso a todo o barco que não fosse o de Regina.

Exausto, em fim de forças, arquejante de fadiga, angústia e desespero, Roberto, para cúmulo de tormento, sentiu cheio de pasmo chegarem a seus ouvidos os acentos de uma voz suave e maviosa, porém de tão valente e sonorosa vibração, que se fazia ouvir distintamente entre o rugir das vagas rebentando nos cachopos. Era a voz da filha das ondas que, dentre os escarcéus em que seu barco se debatia, soltava às virações do mar o inexorável estribilho de sua canção:

Mancebo, vai noutra parte
Teus amores suspirar.

Roberto caiu desfalecido no fundo de seu barco. Quando voltou a si, este se achava encalhado na areia da praia, para onde a maré o havia trazido, não longe da cabana em que morava.