Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/150

desse castelo colossal. Apesar, contudo, de seu medonho e ameaçador aspecto, Rodrigo não desanimava, e porfiava em vão por avizinhar-se cada vez mais da enorme e pavorosa mole de granito. As ondas, horrivelmente revoltas e cavadas rebentando em fúria umas contra as outras, traziam em torturas o seu mísero batel, que, já pesado e com a vela encharcada pelo marulhar das vagas, parecia estrebuchar como animal ferido em ânsias de agonia.

Já Rodrigo, exausto de forças sentindo seu braço desfalecer, via extinguir-se-lhe dentro da alma o último vislumbre de esperança quando, erguendo os olhos, viu sobre uma das saliências da penedia um vulto branco.

Era uma mulher que lá estava, não podia haver a menor dúvida; trazia vestes alvas como a neve, e sobre a fronte uma grinalda da mesma cor, mas bastantemente desbotada e amarelecida pelo tempo.

Diríeis uma estátua de alabastro pousada sobre pedestal de bronze, se não lhe ondulassem ao vento as roupas roçagantes desenhando-lhe o donoso talhe, e os graciosos e elegantes contornos da figura.

A fitar aquele vulto que parecia um fantasma aéreo, Rodrigo estremeceu.

Era Regina; reconheceu-a embora não pudesse distinguir-