Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/184

de bradar-lhe: — Volta, moço, volta…! Que vais lá fazer…? Corres a uma morte certa!

Em menos de duas horas o barco do mancebo já lutava contra as ondas revoltas e empoladas, que rugem derredor da ilha maldita. A penedia lisa, uniforme, pendurada sobre as vagas já se desenhava distintamente ante os olhos de Ricardo, o único dos três irmãos que ainda não a tinha encarado de perto. Era, em verdade, horrendo e temeroso, e desta vez ainda estava mais aterrador o aspecto que apresentava. As ondas, que contra ela se arrojavam furiosas e quase lhe galgavam o cimo, despedaçavam-se em escarcéus de espuma com bramidos que semelhavam uma trovoada eterna. Não se via em redor nem uma saliência de rocha, nem uma língua de areia, nem uma pequenina enseada em que luzisse ao náufrago a mais leve esperança. Era por toda a extensão visível a onda revolta em sua eterna mobilidade em luta encarniçada contra o granito inabalável em sua eterna imobilidade.

Todavia, Ricardo não esmorecia e fazia esforços desesperados para chegar à base da inacessível penedia. Embora seu barco se fizesse em pedaços de encontro aos cachopos, embora se visse arrojado nas ondas daquele pego convulsionado,