Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/208

a morte no punhal ou no veneno; outros atiravam-se aos abismos do oceano, ou despedaçavam despenhando-se dos rochedos; outros menos violentos consumidos de melancolia definhavam, definhavam até morrer; outros enlouqueceram, e talvez ainda por aqui vivam objeto de escárnio ou comiseração dos homens.

“Oh, Deus de misericórdia! Será tão hediondo e enorme o crime de amar-me para merecerem meus amantes tão cruel castigo! Oh! Por que não recaiu ele antes sobre mim esmagando de uma vez esta existência fatal a mim e a todos que me cercam…!”

Regina calou-se; os soluços embargavam-lhe a voz e, escondendo o rosto entre as mãos, parecia chorar.

Ricardo, que a escutava comovido, afastou-lhe brandamente as mãos dos olhos. As lágrimas, que aos pares lhe rolavam cristalinas ao longo das mimosas faces enrubescidas pela mágoa e pelo pejo, duplicavam os encantos e davam realce divino à ideal formosura de Regina. Ricardo sentiu-se com o coração opresso de assombro, de ternura e de emoção.

— Não chores — disse beijando-lhe as lágrimas —, bem sei que essas lágrimas são puras e santas, e ornam-te admiravelmente o rosto angélico. Mas não quero que chores, porque és inocente.