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já existia, eu amava e amava muito esse mancebo, único que possuía o condão, que devia quebrar um dia o círculo de gelo que me envolvia o coração.

“‘Eu amo enfim!’, refleti eu em minha solidão. Amo perdidamente esse mancebo; não posso duvidar, nem enganar-me a mim mesma, e estou certa de que ele partilha com ardor o meu afeto. Que motivo pois nos obriga a nos evitarmos e forjarmos por nossas próprias mãos nossa desgraça, tendo a chave que nos pode abrir as portas do mais feliz e risonho futuro…? Não, não; agora só de mim depende acabar com meus infortúnios e talvez com os de muitos outros que eu poderia ainda arrastar à perdição. Foi o céu que me apresentou esse mancebo e inspirou-me este amor para pôr um termo à cadeia de catástrofes que eu sem querer ia desenrolando nos lúgubres caminhos de minha existência.

“Saí enfim de meu retiro solitário decidida a ir procurar o gentil mancebo, confessar-lhe o meu amor e unir para sempre aos dele os meus destinos. Mas ai de mim…! A maldição de minha mãe me persegue, e parece-me que nunca mais poderei encontrar repouso e felicidade sobre essa terra que ela me vedou! Percorri toda a aldeia, vagueei pelas praias um dia inteiro, e outro e outro ainda, mas o jovem nunca mais me apareceu…!