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porque me via sozinha, triste e desamparada, e o que é pior ainda, malvista por esse povo, que em tão ruim conta me tinha. Essa união ia talvez impor um termo a meus infortúnios e aos de outros, que porventura ainda tivessem de ser vítimas de meus encantos.

“Meu noivo deixou partir o navio em que viera, e ficou para nos recebermos. Prometia-me que depois de casados se embarcaria comigo em outro qualquer navio e iríamos percorrer o mundo. Não podia haver proposta que me fosse mais agradável. Sair desta terra testemunha de tantas desgraças, a que dei causa, e onde minha presença tornara-se a fonte perene de lágrimas e luto, era o meu mais ardente desejo. Demais, sempre gostei do mar; parece-me que nasci sobre as ondas, e desejava viver sempre vogando embalada sobre o dorso desse monstro querido, que ruge eternamente em torno dos cachopos desta minha solidão.

“Julguei pois que esse casamento iria de uma vez pôr termo à cadeia de desgraças que desde o berço me tem amargurado a existência. Quanto me enganava! A maldição materna perseguia-me implacável…! O repouso e a felicidade me eram vedados sobre essa terra, onde jamais minhas plantas deveriam ter pousado!

“Quis que o casamento se fizesse sem ruído e