Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/225

uma janela que dava para o mar, e por onde entrava a luz da lua alumiando nosso estreito aposento. Meu esposo estava sentado no leito junto de mim, e contemplava-me em um êxtase de amor.

“Quanto a mim, não sei dizer bem o que sentia. Estava em extremo comovida, mas não saberia explicar de que natureza eram as violentas e profundas emoções que me assaltavam. É certo que não me sentia tranquila. Uma vaga ansiedade, uma indefinível inquietação pungia-me os seios da alma. Parecia-me que ia ser feliz em companhia de um marido que me adorava, e meu futuro destino já se me apresentava debaixo de um aspecto plácido e sereno. Mas no fundo do coração, fermentava-me um cuidado, uma aflição indefinível, como no fundo de um manso e cristalino tanque se esconde às vezes tredo e venenoso réptil.

“Enfim meu marido tomou-me nos braços, depôs-me sobre seus joelhos e levava a mão trêmula de amor e de emoção à minha fronte para dela desatar a grinalda nupcial… De repente um vulto de sinistra catadura surgiu diante de nós, e travou-lhe do braço bradando com voz rouca e abafada:

“‘Detêm-te…! Não é a ti que compete essa tarefa…!’