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elementos infernais, o ódio como o amor não conheciam limites, e deviam produzir tremendas explosões. Depois da sinistra catástrofe, o ódio, qual furioso vendaval tinha-lhe passado por sobre o coração e dele varrera todos os sentimentos benévolos e ternos, deixando-o ávido e frio como um mármore sepulcral sobre o qual pousava um punhal vingativo entre as cinzas das afeições extintas.

Tinha Regina bem profundamente gravada na memória a imagem dos três irmãos, para que, apesar do pavor que a dominava, deixasse de reconhece-los à luz da lua naquele momento terrível. Demais, tinha-se verificado o desastroso e deplorável fim de todos os amantes de Regina; só os três irmãos tinham desaparecido sem se saber ao certo o destino que tiveram. Quem, portanto, senão eles poderiam ser os assassinos…?

E pois nem mesmo Ricardo, esse único ente, que soubera vibrar-lhe na alma a corda do amor, escapava à sanha da odienta e vingativa fada. Aquele lindo jovem, a quem outrora encontrara adormecido e a quem sagrara do fundo da alma o mais extremoso afeto, esse já não existia; esse Ricardo que agora ressurgia já não era o mesmo, era um covarde e bárbaro assassino, sobre o qual devia recair todo o peso de sua vingança. Assim pelo menos pensava ela, ignorando talvez que