Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/234

virgem vestida de branco, ouviam-lhe o canto suavíssimo, e fugiam a bom remar e benzendo-se, e ninguém duvidava que era Regina ou o seu fantasma que habitava a ilha maldita. Sua origem ignorada e sua vida estranha e misteriosa a fizeram passar por sereia, fada, por um ente, enfim, fora da humanidade. Seu desaparecimento ainda mais misterioso veio confirmar ainda mais o povo nesta sua crença. A fada maléfica, depois de ter causado naquela costa inúmeras desgraças, retirara-se enfim para seus palácios malditos levando consigo uma pobre vítima, que com seus artifícios diabólicos lograra seduzir.

Tinha-se passado um ano depois que fora assassinado o marido de Regina. Os três irmãos que, para ocultar seu despeito e desesperação, tinham-se sumido não se sabe onde, e que só tinham aparecido um momento como raio em noite tormentosa para fulminarem um infeliz, desapareceram de novo nas trevas de seu retiro ignorado. Lá mesmo, porém, chegava-lhes a notícia do que acontecia na aldeia e, sabendo do modo por que o povo explicava o desaparecimento dos dois noivos, sem que se manifestasse a menor suspeita a respeito deles, voltaram ao povoado e continuaram seu antigo gênero de vida, ou antes incautas mariposas vinham espanejar-se de novo em torno da chama que devia devorá-los.