Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/237

— Tem-me ódio ou amor? — tal foi a pergunta que Ricardo dirigira resolutamente à Regina, e que até agora deixamos sem resposta em razão das explicações que, para perfeita inteligência desta história, nos foi preciso dar no capítulo antecedente.

Houve largo silêncio antes que a moça desse uma resposta. Regina cismou longamente abismada em um pego de amargas reflexões. Seus olhos, que até ali dardejavam fulgores de luz torva e sombria, foram pouco a pouco se baixando e amortecendo; o colo altivo e firme foi-se dobrando gradualmente; como a cecém verga a haste flexível, quando o orvalho da noite lhe peja o cálice odoroso, e uma lágrima furtiva umedeceu-lhe as pálpebras abrasadas. Terrível conflito se travara na alma atribulada da donzela; o ódio e a piedade,